Porque dissertar despropositadamente é preciso.

janeiro 22, 2011

Decidido.

Enquanto espero pela definição, restam-me duas opções para aliviar a ansiedade: tamborilar os dedos pela borda da mesa de madeira - cujas sessenta e quatro lacunas já se desgastaram – ou fitar o horizonte inexpressivamente. Só não posso, e o sucesso depende disso, deixar transparecer meus objetivos, ou demonstrar a ansiedade que me corrói há, noto consultando o relógio novamente, sete minutos.

Às vezes, independentemente do resultado final ou da decisão tomada, o momento da expectativa é de uma angústia mais intensa do que a gerada pela dita decisão, por pior que isso possa representar. Talvez seja o medo do desconhecido, ou simplesmente a consciência de que o resultado não depende de você.


Sento-me mais retesado no banco sem encosto e encubro parcialmente a visão, numa atitude de aparente concentração, mas com o único objetivo de esconder o traçado percorrido por meus olhos. Sim, há uma chance. Ainda há esperança.


Não, não há esperança. Está acabado. A arte milenar de alimentar uma expectativa pessimista e assim tornar-se imune à frustração. Pensamento positivo? Isso nunca fez sentido mesmo. Tentei, admito, derrubar um caminhão da Kuat com a força da mente, mas não fui bem sucedido e, desde então, assumi a postura de um cético.


Opa! Vi uma hesitação ali. Pareceu-me, pelo menos, que ele tinha tomado uma decisão, mas recuou antes de completá-la. Devo considerar isso um indício positivo? Certamente que não, ele deve ter percebido minhas intenções... De qualquer forma, seu tempo está esgotando, ele terá de agir em breve.


Eu sabia que o momento crucial estava se aproximando inexoravelmente. Isso, é claro, só contribuiu para minha ansiedade. Embora meu semblante se mostrasse impassível, quase indiferente, minha perna direita estava num ritmo tão frenético que em breve eu deslocaria o joelho de novo. Sim, de novo. Melhor não, não agora, segurei com firmeza a perna, obrigando-a a permanecer imóvel.


É chegada a hora. Aproximando-se da mesa, ele tomou a decisão que eu esperava que tomasse. A mesma que maturava há alguns minutos no meu cérebro. A decisão que representava um futuro feliz para mim, uma excelente perspectiva, a melhor, na verdade, muito embora ele de nada suspeitasse.


Agora quem tinha de tomá-la era eu. Finalmente, depois dessa angustiante espera, eu poderia definir algo sozinho. Ele que aguardasse, sentisse um pouco do que é ter a sua única alternativa entre rir e chorar nas mãos do outro. Mas eu faria diferente, afinal, a decisão era minha. Bispo na casa f3, xeque mate.

2 comentários:

Unknown disse...

é tu consegue realmente prender uma pessoa entre tantas palavras que no fim, chegada a união, nos deixam assim.. sem palavras, muito bom, novamente!

Eduardo Mercadante disse...

Eu li isso ouvindo "Captured and Tortured" da trilha de HP7.1. Ficou perfeito. hahaha sempre amei esse conto

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