Porque dissertar despropositadamente é preciso.

fevereiro 18, 2011

O medo do evitável.

De repente, numa dessas chamadas peças que a vida prega nos que a ela são submetidos e nos que a ela se submetem, o senhor Juarez tornou-se o foco das câmeras.

Juarez, como não gosta de ser chamado, nunca foi simpático aos holofotes. A bem da verdade, ao longo de sua carreira, além de colecionar dissidências com os que encontram por meio deles – os holofotes - um meio de sustentar a família e a si mesmos, Juarez também não costuma cultuar bons relacionamentos com aqueles que parecem atrelados ao protagonismo.

‘Ossos do ofício’, é o pensamento no qual se ampara sempre que deparado com as obscuras lentes. Não tinha noção dessa megalomania quando escolheu a profissão, mas acredita que já se adaptou sensivelmente à situação, pelo menos já não tem ânsias de cuspir na cara do repórter, nem de devorar a arma que este empunha, conhecida por alguns como microfone.

Enfim.

Lá está Juarez - marginalizado, por que não dizer? – em pé, de braços cruzados, feições centradas, inepto diante do que vê, numa postura que o também uniformizado espectador, retesado na poltrona da sala em frente à TV, definiria como ‘amedrontada’.

‘Medo do evitável!’, bradam os mais acalorados, não exatamente com estas dignas palavras. O espectador não julga sem conhecer, Juarez acumulou uma fama – não gratuita – de vacilar diante do perigo e, amedrontado, como melhor não poderia definir o sábio espectador, ceder ao oponente, acumulando fracassos que se sobressaem às vitórias sempre que alguém cita seu currículo.

Ao soar estridente que determina o fim de seu sonho, o fim de suas esperanças e o acréscimo de mais um fracasso à sua coleção, Celso Juarez Roth baixa a cabeça, como que envergonhado diante do resultado. Ignora que perder para os de azul, preto e branco, mesmo à margem do rio, não é vergonha para ninguém, vergonha será encarar o olhar dos por ele comandados, sabendo que o sonho de conquistar a América pela terceira vez já vai longe, ou nem tão longe assim, dois quilômetros ao leste.

1 comentários:

Eduardo Mercadante disse...

A cada dia o seu traço fica mais marcado. A cada dia eu gosto mais dos seus textos.

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